Sobre educar

*publicado em abril de 2019 no Boletim Informativo

Nos sentimos no dever de sempre lembrar: Qual é o nosso propósito? O que nós queremos realizar? Quais são nossas referências? Qual caminho seguimos?

Partimos do olhar do humano, e da crianças mais precisamente, como um Ser ilimitado, eterno, indefinível pois qualquer definição por si só o limitaria, essencialmente bom, puro e virtuoso que está temporariamente em uma experiência corpórea na Terra. Deste Ser, ainda que ilimitado, linhas religiosas, científicas e filosóficas nos oferecem diferentes perspectivas. Dentro delas, uma que nos parece bastante agradável é reconhece-lo em toda sua riqueza nas dimensões, biopsicossocial, espiritual e cósmica. Partindo daí, o educar ganha outro significado. Transcende e supera em muito a competência de instruir, transmitir conhecimentos ou qualquer conotação impositiva e autoritária.

Educar significa neste contexto e nesta perspectiva guiar o aprendiz em seu processo individual de auto aprimoramento –  ou seja, de desenvolvimento de suas faculdades e potencialidades maiores, de autoconhecimento olhando com sinceridade para seus atributos positivos e negativos, de elevação e expansão da consciência e de despertar para a Luz e a Verdade e envolve

Reconhecemos em cada criança um Ser individual e único. Por isso mesmo, jamais é pressuposto do processo educativo padronizar, enquadrar ou comparar singularidades e individualidades que naturalmente são diferentes.

Parte-se então de um enfoque que observa e analisa atitudes e comportamentos sem julgar indivíduos ou rotular pessoas. Neste processo, nosso esforço enquanto educadores é máximo no sentido de auxiliar cada criança a olhar e pensar seus processos, suas atitudes, suas escolhas, percebendo conscientemente o que está bem e o que não está bem. Mas como definir o que está bem e o que não está bem? Qual a referência?

Em nossa jornada até aqui, bebendo da Sabedoria Oriental, da Psicologia Transpessoal, de Paulo Freire, Huberto Rohden, Rudolf Stainer, da Biopsicologia ensinada pela Dra. e Monja Susan Andrews, da moralidade defendida por Kohlberg e desenvolvida a partir do enfoque cognitivo-evolutivo iniciado por seu mestre Piaget e de outras fontes e referências que não conseguiríamos totalizar aqui, nenhuma se fez – e estamos convictos de que nenhuma se fará ainda por muito tempo – mais precisa e valiosa do que aquela propagada pelo Cristo, Jesus. Em seu aspecto moral precisamente.

Claro fique portanto que estamos falando aqui deste personagem histórico e de seu exemplo e conduta irrepreensíveis, sem precisar, para isso, nos valer de qualquer aspecto religioso que diga respeito aos ditos milagres ou outros feitos descritos e ainda inconcebíveis para numeroso grupo de pessoas.

Nada supera a máxima de “Amar a Deus sobre todas as coisas. E ao seu próximo como a ti mesmo.” Menos ainda o pedido deste Mestre: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” elevando o amor ao nível mais alto. Que ele, para ensinar com solidez, vivenciou. Chegando ao Amor no mais alto grau, onde o Ser é capaz de renunciar a si e abandonar-se pelo Bem Maior. Neste caso nos referimos à entrega da própria vida física deste Mestre em benefício e para despertamento e aprendizado da Humanidade. Gesto este tão poderoso que mantem seu ensinamento vivo por mais de dois séculos.  

Sem qualquer pretensão de descartar ou desmerecer outros tantos mestres e grandes seres, não temos dúvida alguma de que Jesus continua sendo o Modelo e Guia seguro quando falamos de valores e qualidades superiores, pois seu Ensino Moral nos oferece um código de conduta irrepreensível e uma regra de proceder que abrange tanto as circunstâncias da vida privada quanto da vida pública bem como o princípio básico de todas as relações sociais pautadas na mais rigorosa justiça. Constitui além disso, o roteiro infalível para a felicidade vindoura.

Tomando este norte, entendemos que o educador deve ser portanto um idealista, um esperançoso, um sonhador e que seu trabalho não é profissão, mas ideal puro. É sagrado. E acima de tudo que para verdadeiramente ensinar impactando vidas e penetrando almas é preciso EXEMPLIFICAR.

Portanto, o bom educador é aquele que é, que vive aquilo que ensina, que exemplifica e pratica aquilo que quer transmitir. Disso, conclui-se que o bom educador no mundo, hoje, é em primeiro lugar o bom aprendiz. Consciente de suas imperfeições vivencia diariamente a busca por sua evolução, pratica a reflexão e autocrítica de seus atos e de sua conduta, se esforça por ser melhor a cada dia e com isso, naturalmente, ensina o caminho para auto aprimoramento e evolução do Ser.

Educar é um ato de Amor. E amar é uma escolha.

Por Vinícius Rugai Bresciani